Aos seus 44 anos, Gordon Ramsay encarna o epítome do chef estrela no Reino Unido, como protagonista de inúmeros programas de cozinha para a televisão, o prestígio premiado com um total de 12 estrelas Michelin e um vasto império que engloba mais de vinte restaurantes em todo o planeta. A fama da personagem terminou, contudo, voltando-se em contra a ele. Um desacordo com seu sogro, que também é seu sócio empresarial, resultante dos problemas financeiros que atinge o conglomerado de Ramsay, têm sido notícia das manchetes dos últimos dias, convertendo-o no protagonista de uma novela.
Gordon Ramsay |
Tão brilhante como mal-encarado e expeditivo, Ramsay destituiu no mês passado o diretor executivo de sua companhia, a Gordon Ramsay Holdings, Chris Hutcheson, que também é o pai de sua esposa Tana e o avô dos quatro filhos do casal. O sogro, que foi acusado de uma gestão nefasta e de haver tomado emprestados 1,5 milhões de libras da empresa, contra-atacou relatando o chef como "um ser egoísta que não tem amigos" e denunciando que havia sido objeto de um "linchamento público". Quando as inundações de artigos sobre aquele episódio começavam a explodir, o próprio Ramsay voltou-se a agitar a brasa, ao difundir uma carta dirigida a sua sogra, Greta, donde lhe implora que restabeleça os laços familiares.
Ramsay não tem administrado a afinco, nos últimos anos, as cozinhas dos restaurantes que possuí, pois está mais interessado na expansão da Gordon Ramsay Holdings pelo resto da Europa, Estados Unidos, Ásia e Austrália. Passa mais tempo nos aviões e nos estúdios de televisão, do que formulando novos pratos, pois atualmente, ser um cozinheiro, é ter uma marca. E, ainda que a crise financeira o colocasse preservar sua enorme ambição, é especulado sobre os números vermelhos de seus restaurantes-, ele segue ambicioso em novos projetos, como os dois restaurantes no hotel Savoy e La City de Londres, que serão inaugurados em breve.
Publicado no jornal “El País”, em 12/11/2010