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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Sonhos verdes...O que fazer para se ter um catering sustentável?




A postagem de hoje será uma inovação nas reportagens de catering e nas de aviação. Quase não se comenta sobre soluções sustentáveis para os resíduos gerados nos serviços gastronômicos a bordo. Lembrando que, as dicas dadas na reportagem abaixo poderão ser utilizadas também nos serviços da hotelaria hospitalar, nos navios e nos trens que possuam serviços de catering. Sabemos que o Brasil é o primeiro país na reciclagem de latas de alumínio, mas estamos um pouco distantes no quesito reciclagem de lixo. E falando sobre as polêmicas sacolas de plástico, que temos direito na aquisição dos produtos em supermercados, que nunca saíram grátis, pois estão embutidos nos preços, porque estes não empregam o uso dos pacotes de papel, como antigamente, porém reciclados?

A KLM é uma das empresas que abastecem suas aeronaves com bio-combustível.




O Catering aéreo produz uma quantidade colossal de lixo: o que as empresas aéreas e seus fornecedores podem fazer sobre isso?

O tempo está se esgotando para as empresas aéreas passem a reduzir ou, pelo menos, gerenciar melhor os resíduos que são recebidos nos descarregamentos das aeronaves. As pressões são dos administrativos aeroportuários em geral, as autoridades locais, as agências governamentais e os grupos interessados a encontrar soluções a bordo que possam reduzir os resíduos que são enviados para os aterros sanitários, bem como facilitando o processo de reciclagem de um todo.

Cores que referenciam reciclagens.
Atualmente algumas empresas aéreas já estão pedindo aos seus fabricantes de aeronaves como estas podem atender a essas demandas, além do que a pressão principal vem dos altos impostos cobrados para transportar esses desperdícios para os aterros sanitários, no caso dos Estados Unidos e da Europa onde, principalmente no Reino Unido, são cobrados impostos bem altos para as companhias aéreas por cada tonelada de resíduos enviados para os aterros. No caso do aeroporto de Londres-Heathrow, onde as companhias aéreas despejam cerca de 70 toneladas de resíduos por dia, os impostos subirão aproximadamente 62 para 112 dólares por tonelada neste ano de 2012. Em alguns aeroportos dos Estados Unidos é estimado triplicar suas taxas para os próximos anos, especialmente nos aeroportos onde estão localizados suas bases de longas rotas.
Didática sobre a reciclagem de produtos.

De acordo com um estudo realizado em 2010 pelo grupo americano Green America, uma empresa gera em média 0,59 kg de resíduos por cada voo. No entanto, no aeroporto de San Diego, no oeste-americano, foi adotado um plano ambiental que já reduziu para 0,23 kg por passageiro, e o aeroporto ordenou que as companhias aéreas reduzissem ainda mais em 2012. Reconhecido como um dos mais aeroportos mais “verdes” nos Estados Unidos, San Diego recicla mais de 80% dos resíduos de bordo, principalmente nas formas de alumínio, vidro, plástico, papel, papelão e aço.

Conheça acima como funciona um aterro sanitário.Fonte "Estado de São Paulo".
Da mesma forma, o operador aeroportuário BAA (empresa na liderança de administração aeroportuária, onde administra seis aeroportos no Reino Unido, incluindo o maior, Londres/Heathrow, e ajuda milhões de pessoas a cada ano para chegar a vários destinos ao redor do globo), no Reino Unido, vem pressionando as empresas a realizarem rígidas metas de reciclagem. No ano passado, os resíduos por passageiro no aeroporto de Heathrow, em Londres, reduziram de 0,37kg para 0,36kg. Embora estas reduções pareçam insignificantes, estes estão caminhando em uma mesma direção. A razão para a pressão das autoridades é o aumento da frequência dos voos. Somente nos Estados Unidos, o número de viagens de passageiros se aproxima de 700 milhões por ano, produzindo cerca de 450 milhões de toneladas de resíduos de bordo.

Os passageiros também estão comendo e bebendo mais: o número de refeições na Europa nos voos que não são domésticos subiu em todos os trimestres do ano passado, um aumento de entre 12 e 24%. O número de refeições nos voos para a Ásia apresentou crescimento mais ou menos comparável. A busca de soluções de sustentabilidade está forçando as empresas aéreas a realizar novas disciplinas a bordo. Os aeroportos querem que as companhias aéreas melhorem a forma de como os resíduos são separados durante os voos, especialmente as latas de alumínio, plásticos e refeições - para que eles sejam mais facilmente e rapidamente separados e classificados em terra firme. No entanto, há às vezes, requisitos conflitantes que complicam as coisas. Por exemplo, o manual de depuração agrícola, como é chamado nos Estados Unidos (Manual for Agrucultural Clearance) informa que as latas de alumínio, vidros e embalagens de plástico só podem ser recicladas, se nunca possuiu em seu interior, o armazenamento de leite ou de produtos lácteos.

Algumas autoridades insistem que, para reciclar qualquer coisa, todos os produtos devem ser separados a bordo, regulamento este que "muitas companhias aéreas interpretam como uma proibição sobre a reciclagem de qualquer lixo internacional", afirma os relatórios da Green America. Para complicar ainda mais as coisas, alguns aeroportos trabalham no sistema de resíduos, partindo de um sistema centralizado, onde o aeroporto é responsável por gerenciar os resíduos de bordo, ou devem possuir um sistema de resíduos descentralizado, onde a companhia aérea realiza todo o trabalho.

Com isso, o resultado é que a tripulação, os comissários, devem ajustar seus processos de coleta dos materiais de acordo com o destino.
A comida é um problema em especial, pois alguns governos proíbem ou restringem a sua reciclagem de acordo com os regulamentos de prevenção de doenças. Por exemplo, a BAA que é o proprietário do aeroporto de Londres-Heathrow, recicla cerca de 60% dos resíduos a bordo, já durante o voo, mas exige das empresas aéreas que separem os restos de comida para a sua devida incineração.
Recolhimento de lixo em San Diego - Estados Unidos.
Apesar de que o aeroporto de Heathrow possui duas instalações dedicadas aos resíduos que chegam à bordo para o processamento, ainda altas quantidades de detritos seguem para os aterros sanitários.
A boa notícia é que mais e mais companhias aéreas estão buscando estratégias sustentáveis a bordo oferecendo aos seus clientes serviços com novos tipos de embalagens, com informativos através das publicidades e variados programas de reciclagem.

A Delta Airlines é a empresa que obtém as melhores notas da Green América para os programas de sustentabilidade. Entre outras coisas, a empresa possui cardápios produzidos a partir de papel reciclado e impresso com tinta preparada à base de soja, além de possuir no interior de suas aeronaves, carpetes que são reciclados em caso de desgastes. Dentro dos próximos dois anos, a Delta planeja servir refeições e bebidas em recipientes descartáveis confeccionados a partir das sobras de produtos derivados de milho. A empresa aérea recicla latas de alumínio, garrafas e bandejas plásticas, copos de bebidas e jornais.

Tripulante da Delta faz a separação de latas de alumínio para a reciclagem.

A Virgin Atlantic ficou em terceiro lugar na pesquisa da Green America, onde a gestão dos resíduos produzidos a bordo faz parte de um dos trabalhos que a tripulação deve realizar. Os comissários de bordo recolhem os copos de plástico que são posteriormente reduzidos em grânulos, que são então transformadas em cabides ou equipamentos para cassetes de vídeo. Eles também reúnem kits de entretenimento da classe econômica após o voo e separam itens não utilizados para ser adicionado aos novos kits. Uma vez que os panos de linho das classes nobres estiverem desgastados, estes são doadas para as prisões, ao invés de jogá-los nos aterros sanitários. Da mesma forma, as revistas utilizadas e com datas passadas são doadas para os hospitais e clínicas. Os fornecedores do catering também devem fazer a sua parte.

Algumas empresas aéreas já adotam a separação de resíduos já a bordo.
Por exemplo, as vinícolas atualmente estão fornecendo champanhe em embalagens reutilizáveis.

As empresas aéreas se comprometeram a reciclar ou reutilizar metade do seu lixo de bordo a partir 2012. As operadoras de curtas distâncias normalmente geram menos resíduos, mas empresas aéreas como a Easyjet também realizam procedimentos de reorganização juntamente com a sua tripulação de cabine, para que estes separem todos os materiais recicláveis ​​e não recicláveis em diferentes sacos coloridos.

Propaganda da Delta concientizando seus clientes sobre a reciclagem consciente.

Os impactos nos pesos de certos materiais também influenciam em todas as etapas do ciclo de vida dos produtos considerados insignificantes...

Aliviar os pesos nos principais fornecedores, como os caterings e os fornecedores dos caterings também têm um papel importante a ser desempenhado, sobretudo na busca de equipamentos cada vez mais leves, como por exemplo a LSG Quantum trolley, desenvolvido pela LSG Sky Chefs em cooperação com a empresa Norduyn, sendo um bom exemplo disso. Já a empresa fornecedora de materiais para bordo, a DeSter valoriza essa perda de peso em seus produtos. A DeSter é uma divisão do grupo Gateway, que distribui o levíssimo trolley Aerocat, e entre outros produtos fornece vidros finos para a Lufthansa. Através de um estudo realizado internamente pela DeSter em conjunto com duas universidades europeias mostraram que, nenhuma análise do ciclo de vida de um produto de serviço de bordo nem sequer chegou a impactar o peso, pois o peso é proporcional ao consumo do combustível e que é proporcional ao custo e das emissões. O impacto das emissões dos pesos dirigidos faz todas as etapas do ciclo de vida de outros produtos insignificantes,  se estes forem comparados. Mesmo assim, qualquer motivo que for para economizar espaço também é altamente desejável.

LSG Quantum trolley, o trolley sustentável.


Exemplo de serviços de bordo que utilizam embalagens sustentáveis.

Em 2009, a empresa DeSter lançou as bandejas Lean-on-Me (LoM): estas ficam empilhadas de uma forma tão eficiente, permitindo que as empresas dispensem um de quatro trolleys, representando metade da importância do espaço anteriormente utilizado para catering. Na Thomson Airways, o resultado global foi uma redução de 14% de peso de produtos em excesso, subindo para 6% em ofertas de consumo, e uma economia líquida em peso de aproximadamente 175 kg para cada B757-200, ou seja, em termos de reduções de CO2, isso equivale a cerca de 1.700 toneladas por ano, conforme a empresa aérea citada.

E isso não é tudo. O espaço extra liberado pela bandeja LoM significa que a companhia aérea pode armazenar tanto o catering de ida como o de volta nos galleys. Por sua vez, isto é traduzido em uma redução na utilização de infraestrutura de solo durante escalas e trãnsitos, com economias consideráveis tanto no tempo como no custo.

Trolleys sustentáveis.

Os fornecedores também estão motivados e, desenvolvem produtos biodegradáveis cada vez mais rápidos.

Desde abril do ano passado, as companhias aéreas brasileiras como a TAM servem suas refeições em bandejas e recipientes produzidos a partir do bagaço da cana-de-açúcar. Esses tipos de produtos possuem todas as especificações de produção adequadas, onde estes materiais são considerados sustentáveis, são renováveis anualmente, e são 100% biodegradáveis. Algumas rotas internacionais, na classe econômica, já substituíram as embalagens plásticas em que são servidas as refeições pelos novos recipientes biodegradáveis, onde a expectativa da empresa seria em reduzir 47% a utilização do plástico nas embalagens; Os itens feitos da matéria-prima que não agride o meio ambiente são as bandejas, caçarolas e saladeiras. Tomara que o exemplo seja seguido por outras concorrentes.




Acima, exemplos de serviços de bordo da TAM, cujas embalagens são fabricados com o bagaço da cana-de-açucar.

Alguns tipos de resíduos de bordo podem ser reciclados de maneira mais eficiente do que outros. A água, por exemplo: a Servair, que é um considerado um grande grupo francês de catering, descobriu que os cubos de gelo poderiam ter outra vida. Ao invés de jogá-los em compactadores de resíduos para incineração, a companhia possui um tratamento que derrete esse cubo de gelo e estes, por sua vez são reutilizados para limpar o chão dos escritórios do catering.
Da mesma forma, a LSG SkyChefs, que lava mais de dois milhões de unidades a cada ano de bandejas, talheres, copos e trolleys, descobriram um método de operação para as 500 máquinas de lavar louça industriais, situadas em mais de 200 instalações da empresa em todo o mundo com uma eficiência ecológica máxima. Essas máquinas, conforme a empresa, foram conectadas a um computador central que controla o seu funcionamento em tempo real onde tudo é monitorado com uma base contínua e tem levado a uma economia significativa no consumo da energia e água.

Um dos segredos da ferramenta de sistema conhecido como SIMBAcontrola e acompanha o consumo de água e de energia que é tão eficiente que em determinados locais, a utilização de água e detergente decresceu em 50% e em energia em até 15%.

De acordo com a LSG Sky Chefs, a empresa realizou outras medidas em suas bases. Medidas estas que muitas vezes produziam grandes resultados onde, nos Estados Unidos e no continente Asiático, foi implantado um processo de reciclagem de latas de alumínio e papelão que, em Hong Kong, isso já resultou em uma redução de resíduos de 11%.

No entanto, inevitavelmente, uma virtude ecologicamente correta tem um preço. Por exemplo, os plásticos produzidos com amido são dez vezes mais onerosos do que os produzidos com plásticos descartáveis. Ainda assim, os fornecedores estão trabalhando duro para oferecer soluções sustentáveis e, os trabalhos tornarão-se mais fáceis quando uma nova onda de bio-polímeros amigáveis estiver disponíveis, mais acessíveis, resultando em economias. Com o surgimento destas, haverá novos desafios onde entrarão a engenharia e o design para a produção dos equipamentos de catering ou de bordo. Convencidos de que o futuro em longo prazo será realizado com produtos derivados do polietileno tereftalato (PET) para a reciclagem, a empresa DeSter tem investido fortemente na expansão da produção destes plásticos.

A Lufthansa utiliza tambéns trolleys "sustentáveis".

Enquanto isso, uma consciência coletiva está distante de um consenso global por parte dos governantes sobre a gravidade do problema. Enquanto a maioria das companhias aéreas que voam na América do Norte, Europa Ocidental, Austrália e, em uma menor medida, no Oriente Médio que operam sob diretrizes cada vez mais rigorosas, onde em muitos outros países permanecem acomodados, particularmente na Ásia e nos mercados emergentes. Ainda assim, é claro que a indústria está se desenvolvendo rapidamente em busca de uma consciência ambiental, mesmo que algumas companhias aéreas estão mais conscientes do que as outras. No entanto, deve-se realizar algo adequado nos voos para a redução do volume de resíduos destinados aos aterros e reciclagens. De outra forma, por mais difícil que seja, o aeroporto de San Diego nunca terá uma forma, por enquanto, de oferecer um aeroporto totalmente oferecenfo resíduo zero. A responsabilidade principal é ainda das autoridades governamentais para investir em adequadas infraestruturas aeroportuárias adequadas para tais fins. É por isso que a BAA tem uma política total de zerar seus resíduos, nos aeroportos de Heathrow e Gatwick, e incinerar o restante para produzir e gerar eletricidade.

O que foi relatado acima é uma ótima dica para utilizar não só em nossos obsoletos aeroportos brasileiros como nos hospitais que valorizam a reciclagem e a sustentabilidade, principalmente no atendimento aos clientes que administram sob a hotelaria hospitalar.

A empresa aérea mais "enxuta" de 2011.

A Thomson Airways impôs uma meta que irá suprimir 6,5 toneladas fora de suas aeronaves. O plano prevê que um terço de todos os resíduos a bordo deverá ser reciclado, o equivalente a 13 toneladas de alumínio por ano.
Aeronave da Thomson Airways

Nos banheiros, a mudança para o sabão espumante reduziu o número de embalagens pela metade, ou seja, 40.000 embalagens por ano. Em vez de manter nos armários os fones de ouvido nas classes nobres, os fones são substituídos por fixos enquanto que, na classe econômica, os clientes deverão pagá-los para utilizar e levá-los para casa. As mantas vêm acondicionadas em um pacote proveniente de uma floresta sustentável em vez de plástico. Deirdre Kotze, gerente ambiental da Thomson afirmou que isso significa pelo menos 900.000 sacos de plástico que irão para os aterros sanitários todos os anos. A revista de bordo também emagreceu nas suas páginas, perdendo peso por voo de apenas 1,36 kg, mas se tudo isso for acrescentado, o total de CO2 total serão salvos ano a ano, acrescentando-se aproximadamente a 29 toneladas.

Sra. Deirdre Kotze da Thomson Airways.

Finalmente, a Thomson mudará o forro de seus assentos para os de couro, pois este material não necessita de lavagens, gerando uma economia de 150.000 lavagens industriais por ano, tem o dobro de vida útil e pode ser posteriormente reciclado.

Cobertores e almofadas "sustentáveis" oferecidos pela Thomson.

Sites para consultas:

LSG Sky Chefs Catering: www.lsgskychefs.com

De Ster embalagens para caterings: www.dester.com

Thomson Airways: www.thomsonfly.com

Delta Airlines: www.delta.com

BAA Airports: www.baa.com

TAM Linhas Aéreas: www.tam.com

Green America: www.greenamerica.org

Fonte da reportagem:

A reportagem desta postagem foi baseada na reportagem da revista "Airline catering international" - Showcase 2011 e interpretada por Luis Núñez.

Um comentário:

  1. na ultima viagem que fiz com a delta me chamou atencao a reciclagem da enorme quantidade de lixo produzido a bordo . muito bom este esclarecimento. Dra elizabeth sartori crevelari.

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